Ciro I da Pérsia e II

Ciro (Koroush em persa antigo) foi rei de Anshan de c. 600 a.C. a 580 a.C., segundo algumas fontes, ou, de c. 652 a.C. a 600 a.C., segundo outras. O seu nome em persa moderno é کوروش, enquanto em grego, foi denominado Κύρος.

Ciro foi um dos primeiros membros da dinastia aquemênida. Acredita-se que tenha sido neto do fundador Aquêmenes e filho de Teispes de Anshan. Os filhos de Teispes dividiram o reino entre si após o falecimento do pai. Ciro reinou como rei de Anshan enquanto o seu irmão foi o rei Ariaramnes da Pérsia.

A fixação cronológica deste evento é incerta. Isto se deve à sua sugerida, mas ainda debatida, identificação com o soberano conhecido como "Kuras de Parsumas". Kuras é primeiramente mencionado em 652 a.C..

Neste ano, Shamash-shum-ukin, rei da Babilônia (668 a. C. - 648 a.C.), revoltou-se contra seu irmão mais velho e senhor Assurbanipal, rei da Assíria (668 a.C. - 627 a.C.). Kuras é mencionado no contexto de uma aliança militar com este. A guerra entre os dois irmãos terminou em 648 a.C., com a derrota e o suicídio Shamash-shum-ukin.

Kuras é novamente citado em 639 a.C.. Neste ano Assurbanipal trabalhou para derrotar Elam e tornar-se senhor de diversos de seus antigos aliados. Kuras aparentemente se encontrava entre estes. O seu filho mais velho, "Arukku" foi enviado à Assíria para pagar tributo a este rei. Kuras então parece desaparecer dos registros históricos. A sua sugerida identificação com Ciro poderá auxiliar a conectar a dinastia aquemênida com os principais eventos do século VII a.C..

Assurbanipal morreu em 627 a.C.. Ciro presumivelmente continuou a pagar tributo a seus filhos e sucessores Ashur-etil-ilani (627 a.C. - 623 a.C.) e Sin-shar-ishkun (623 a.C. - 612 a.C.). Ambos se opuseram devido a uma aliança liderada por Ciáxares dos Medos (633 a.C. - 584 a.C.) e Nabopolassar da Babilónia (626 a.C. - 605 a.C.). Em 612 a.C. os dois tentaram capturar a capital assíria Nínive. Isto representou de fato o fim do Império Assírio embora os remanescentes do exército Assírio, sob o comando de Ashur-uballit II (612 a.C. -609 a.C.) tenham continuado a resistir a partir de Harran.

A Média e a Babilônia logo dividiram as terras previamente controladas pelos Assírios. Anshan aparentemente caiu sob o controle dos medos. Considera-se que Ciro terminou os seus dias como vassalo tanto de Ciáxares ou seu filho Astiages (584 a.C. - 550 a.C.). Ciro foi sucedido por seu filho, Cambises I de Anshan. O seu neto viria a ser conhecido como Ciro, o Grande, fundador do Império Persa.

Note-se que este cômputo de sua vida e reinado pode colocar as suas primeiras atividades mais de um século antes das do seu neto. Isso colocaria a sua paternidade de Cambises em idade muito avançada. É questionado que Kuras e Ciro sejam figuras distintas, de relação incerta entre si. O último pode então ter reinado no início do século VI a.C. e o seu reinado não ter sido marcado por eventos. Devido à atual falta de registros suficientes para este período histórico, permanece incerta qual seja a teoria mais próxima dos fatos.

                                                                                              REI CIRO II

Ciro II da Pérsia, mais conhecido como Ciro, o Grande, foi rei da Pérsia entre 559 e 530 a.C., ano em que morreu em batalha com os Massagetas. Pertencente à dinastia dos Aquemênidas, foi sucedido pelo filho, Cambisses.

Ciro foi um príncipe persa com ascendência na casa real dos medos, até então o povo dominante do Planalto Iraniano. A versão da história do nascimento de Ciro, segundo Heródoto, consta que o rei medo Astiages, seu avô, teve um sonho em que uma videira crescia das costas de sua filha Mandame, mãe de Ciro, lançando gavinhas que envolviam toda a Ásia. Sacerdotes lhe advertiram que a videira era seu neto Ciro (cujo nome persa era Kurush), e que ele tomaria o lugar do velho reino da Média no mundo. Então o rei medo mandou seu mordomo que o matasse nas montanhas. O mordomo, chamado Harpago, se comoveu com a beleza da criança e o entregou aos cuidados de um pastor. Ao descobrir a traição, Astíages esquartejou o filho de Harpago, e o serviu em um jantar para o mordomo, que apenas soube o que estava comendo quando levaram a última travessa à mesa: a cabeça de seu filho.

Ciro finalmente se tornaria rei dos persas, até então um povo tributário dos medos. Então uma rebelião liderada por Harpago derrotou Astíages, que foi levado a Ciro para julgamento. O rei persa poupou a vida de seu avô, mas marchou para a capital da Média, Ecbátana, e tomou o controle do vasto território medo.

Assim que tomou o controle político de toda a região do atual Irã, Ciro conquistou a Lídia (reino cujos medos contendiam havia décadas, sem sucesso) e os territórios a leste da Pérsia até o Turquestão, na Ásia Central.

Após a conquista de Babilónia, Ciro é citado num cilindro dizendo:

Cquote1.svg Eu sou Ciro, rei do mundo, grande rei, rei legítimo, rei de Babilônia, rei da Suméria e de Acade, rei das quatro extremidades [da terra], filho de Cambises, grande rei, rei de Anzã, neto de Ciro, . . . descendente de Teíspes . . . de uma família [que] sempre [exerceu] a realeza Cquote2.svg
[1]

Em 539 a.C. Ciro conquistou a Babilônia. Os registros bíblicos informam que Ciro teria recebido uma mensagem divina que o ordenava a enviar de volta à Palestina todos os Judeus cativos naquela cidade. De qualquer forma, foi o autor de famosa declaração que em 537 a.C. autorizava os judeus a regressar à Judéia, pondo fim ao período da Captividade Babilónica. Em uma noite de 5/6 de outubro de 539 AEC, Ciro acampou em volta de Babilônia com seu exército. Enquanto os babilônicos festejavam, engenhosamente Ciro desviava as águas do Rio Eufrates para um lago artificial. Eles puderam atravessar o rio com a água na altura da cintura e entraram sem lutar, visto que os portões estavam abertos.

A Palestina, com posição estratégica nas rotas comerciais do Egito, ficou guarnecida por um povo agradecido ao imperador persa e pronto para defendê-lo. A queda da Babilônia ainda lhe rendeu a lealdade dos Fenícios, cuja habilidade naval era admirada pelo mundo conhecido, e que consistiria na base da marinha persa, anos depois, responsável pelas conquistas na Trácia e as guerras contra dos gregos.

A infância de Ciro, rei da Pérsia. Sebastiano Ricci (16591734).

Em todas as conquistas, destacou-se por uma generosidade incomum no seu tempo, ao poupar seus inimigos vencidos - ou até empregá-los em cargos administrativos de seu império. Ciro também demonstrou tolerância religiosa ao manter intactas as instituições locais (e até cultuar os deuses de regiões conquistadas, como quando entrou na Babilônia e consagrou-se rei no templo de Marduk). Ciro também procurou manter todos os povos do império sob a administração de líderes locais, de forma que, sob a suserania de um governo forte, muitos daqueles povos se viram em melhor situação sob os persas do que independentes.

A habilidade política de Ciro, seguida pelos seus sucessores imediatos, assegurou a força e a unidade de uma vasta região, que ia da Anatólia ao Afeganistão, e do Cáucaso à Arábia, composta por uma miríade de povos diferentes, algo que jamais havia sido conseguido na história da humanidade até então.